Aqüicultura marinha é tendência do mercado de engenharia de pesca



Pela primeira vez o Brasil vai produzir peixes em gaiolas instaladas em alto mar.
País produz cerca de 1 milhão de toneladas de peixes por ano.
Fernanda Bassette
Do G1, em São Paulo
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Foto: Divulgação / Seap
Barcos pesqueiros em Natal (Foto: Divulgação / Seap)
Uma das promessas do mercado de trabalho para os engenheiros de pesca é atuar com a aqüicultura marinha. A atividade é novidade no país e está sendo desenvolvida em um projeto pioneiro da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) em parceria com a iniciativa privada e com investimentos da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), órgão vinculado ao Governo federal. 
Trata-se da criação de peixes marinhos em gaiolas submersas instaladas em alto mar, a cerca de 20 quilômetros da costa – tecnologia que até então o Brasil não possuía. Pela primeira vez, uma área marinha (a água do mar é bem da União) foi concedida por meio de licitação para a produção do bijupirá, pescado também conhecido internacionalmente como cábria. É um peixe de alto valor comercial e muito usado pela culinária japonesa. 

“O mercado é muito promissor porque a engenharia de pesca não é só pescar, é também produzir pescados. E pela primeira vez, o Brasil terá a aqüicultura marinha de forma empresarial para cultivar o bijupirá, um peixe com um potencial enorme”, avalia o assessor-técnico da Seap Carlos Alexandre Gomes de Alencar. 


Foto: Divulgação / Furg
Cruzeiro de pesquisa realizado por alunos da Furg para promover estoques de anchoíta. (Foto: Divulgação / Furg)
O professor Paulo Travassos, da UFRPE, concorda que a aqüicultura marinha é a tendência. “A pesca extrativa está cada vez mais complicada porque os estoques de peixes na costa estão diminuindo, especialmente por causa da pesca predatória. Por isso, a produção de alimentos no mar é a grande tendência do mercado de engenharia de pesca. Vamos precisar de profissionais especializados”, diz Travassos. 

Segundo Travassos, a equipe da universidade terminou o ciclo de reprodução do bijupirá em cativeiro e o próximo passo será colocá-los nas gaiolas dentro do mar, onde serão alimentados com ração para que em até dez meses atinjam cerca de sete quilos e estejam prontos para serem comercializados. “O bijupirá é um peixe que não conseguimos produzir em terra. Ele é um peixe comum, de excelente qualidade, inclusive há demandas para o exterior. Em cinco anos tenho certeza que esse será o carro-chefe do mercado de trabalho”, avalia. 

Na opinião de Travassos, a aqüicultura marinha é a promessa do mercado de trabalho para os engenheiros de pesca, principalmente porque o Brasil tem um enorme potencial para explorar a atividade pesqueira e a tendência é que em breve outras espécies sejam produzidas nos tanques marinhos. 

Levantamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aponta que o Brasil produz cerca de 1 milhão de toneladas de peixe anualmente, incluindo a pesca extrativa e a aqüicultura (criação de peixe, camarão e moluscos em cativeiro para a produção de alimentos). Desse total, 27% são da aqüicultura e 73% da pesca extrativa de rio e mar.

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